UFPB lidera ranking nacional de pesquisa aplicada em Jornalismo, segundo relatório do OPAJOR 2025
- Manu Gueiros
- há 4 horas
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O que faz da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) um polo tão expressivo na produção de conhecimento aplicado à prática jornalística? Essa é uma pergunta que o cenário acadêmico busca compreender diante do protagonismo crescente da universidade paraibana. Dos 248 trabalhos mapeados em todo o país entre 2010 e 2025, 40 foram produzidos por pesquisadores vinculados à instituição, os resultados estão diretamente relacionados ao desempenho do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (PPJ), um dos pioneiros na modalidade de mestrado profissional nessa área no Brasil. Os dados são do relatório 2025 do OPAJor.
Ranking de trabalhos em pesquisa aplicada por instituição

Fonte: OPAJor 2025
Para Marcelo Rodrigo da Silva, coordenador e professor do PPJ, esse resultado está diretamente ligado à proposta do curso. “O perfil profissional do nosso mestrado prioriza uma perspectiva voltada para a pesquisa aplicada, inovação e ao desenvolvimento de soluções para os processos práticos e produtos jornalísticos. O programa já nasce com essa proposta”, explica.
O produto final O programa da UFPB é o único profissional na área de Jornalismo no país. De acordo com o Documento de Área de Comunicação e Informação, que orienta sobre a gestão dos programas de pós-graduação stricto sensu no Brasil, os de natureza profissional devem priorizar no trabalho final dos mestrandos a produção de pesquisas aplicadas por meio do desenvolvimento de produtos.
Ele também destaca o papel fundamental do corpo docente para o fortalecimento desse modelo. “Temos muitos professores que vieram do mercado de trabalho e que ainda mantêm algum vínculo com a prática profissional, seja por meio de projetos de extensão, seja em atividades de ensino e monitoria voltadas às práticas jornalísticas”, afirma. Para o coordenador, essa vivência prática influencia diretamente o desenvolvimento das pesquisas, aproximando a formação acadêmica da realidade do jornalismo contemporâneo.
Tipos de pesquisa
A quase totalidade das publicações (97%) são resultantes de dissertações de mestrado. Desse total, 79% são produtos jornalísticos como livros-reportagens, documentários, reportagens longform, entre outros. Na classificação de métodos do OPAJor, estas produções são reconhecidas como pesquisa de desenvolvimento.
Temas recorrentes
Uma das marcas do mestrado da UFPB são os estudos voltados para acessibilidade no campo jornalístico. Isso é resultado das trajetórias específicas de docentes. A professora Joana Belarmino, por exemplo, lidera um grupo de pesquisa sobre acessibilidade no jornalismo. Esta trajetória se expressa em um volume significativo de produções que visam garantir acessibilidade. O mesmo acontece com pesquisas que têm se concentrado em tecnologia, plataformização e suportes digitais, refletindo as demandas atuais do mercado e do jornalismo contemporâneo.
Outras temáticas que têm se tornado mais recorrentes nos trabalhos são as relacionadas a questões de gênero, violência contra a mulher, público LGBTQIA+, movimentos sociais e outras pautas que atravessam o jornalismo.
Segundo Silva, essas investigações “são sensíveis às manifestações sociais e têm o compromisso de sensibilizar a partir dos resultados que apresentam”. Embora algumas pesquisas não sejam direcionadas diretamente ao grande público, elas qualificam o próprio fazer jornalístico, segundo ele.
Perfis
Outro ponto que contribui para o desempenho da UFPB, segundo Silva, é o perfil dos estudantes. “A maioria dos nossos alunos são profissionais do mercado, que já chegam com problemas e questões muito relevantes para o jornalismo”, ressalta. Essa bagagem prática, observou Marcelo, é o que faz da pesquisa um instrumento capaz de lançar novas luzes sobre as demandas do campo profissional. “A pesquisa científica ajuda a compreender essas questões e a propor soluções e novos direcionamentos para o pensamento jornalístico. Os alunos trazem do campo ideias, desafios e demandas que precisam de um olhar reflexivo e investigativo”, completa.
Recursos
Os incentivos financeiros às pesquisas ainda é um dos grandes desafios. O mercado jornalísticos ainda é pouco aberto para parcerias. Apesar disso, a UFPB oferece recursos por meio de chamadas internas de fomento, que podem custear participações em eventos ou apoiar projetos de pesquisa. Além disso, a instituição mantém parcerias com a FAPESQ (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba), que lança editais cada vez mais voltados aos programas profissionais.
